terça-feira, 29 de março de 2011

PS E PSD ESTÃO BEM UM PARA O OUTRO!


Se a demissão de Sócrates foi uma magnífica vitória do Povo Português e se a sessão parlamentar de chumbo do PEC-IV foi uma derrota estrondosa da chamada Esquerda Parlamentar, que sempre se opôs ao derrube de Sócrates, e permitiu que a Direita tratasse de se apropriar daquela vitória, também é verdade que Cavaco deveria ter aceite logo a demissão e deve agora marcar rapidamente as eleições uma vez que o apodrecimento da situação apenas serve os interesses do seu Partido, o PSD, cada vez mais empenhado em deter uma maioria absoluta nas próximas eleições.

Mas há uma outra providência que deve ser tomada desde já, que se revela indispensável a uma correcta definição de medidas quanto à dívida soberana portuguesa e que é a realização de uma auditoria pelo Banco de Portugal à mesma dívida, para responder essencialmente a três perguntas: quanto, a quem e porquê se deve?

Ora Cavaco, com o apoio do PS, do PSD e do CDS, inviabilizou essa medida e assim impossibilitou o Povo Português não apenas de alcançar o conhecimento de quanto da tal dívida não deve ser paga pelos trabalhadores portugueses (por respeitar pura e simplesmente ao custo da gestão fraudulenta e da especulação financeira) como também de compreender que aquilo que constante e eufemisticamente se designa hoje de “os mercados” não passar afinal dos grandes bancos europeus, e em particular dos bancos alemães, que, com a compra da dívida pública portuguesa a juros absolutamente exorbitantes, se estão a encher à tripa forra à custa dos sacrifícios cada vez maiores do Povo Português!

Cavaco, Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas lá sabem porque é que trataram de impedir que os cidadãos portugueses tivessem acesso a essa informação e pudessem decidir o que é mais adequado aos seus interesses, do mesmo passo que esses mesmos responsáveis pela actual situação do País se apressaram a garantir, até parece que por escrito, que tudo farão para que os portugueses paguem aquilo que a senhora Merkel lhes ordenar!

Sacudir a canga que nos querem pôr ao pescoço passa, de forma cada vez mais clara, por sacudir também os respectivos donos!

quarta-feira, 23 de março de 2011

SÓCRATES NA RUA, A LUTA DO POVO CONTINUA!

Sócrates não caiu, foi derrubado. Finalmente! E quem o derrubou não foi a Oposição, que resistiu até ao fim a fazê-lo, mas sim a luta do Povo Português, que isolou e desmascarou por completo a política reaccionária e anti-popular que, ao serviço dos grandes interesses económicos e financeiros, Sócrates sempre aplicou.

Mas essa luta do Povo Português deve agora não parar ou sequer esmorecer sob o pretexto das eleições, e muito menos cair no erro de aceitar mais do mesmo seja ele PS, PSD ou CDS. Ante deve manter-se e intensificar-se pela imposição de um governo democrático e de esquerda, verdadeiramente ao serviço do Povo, com um programa de medidas que sirvam os interesses dos Trabalhadores Portugueses e o desenvolvimento económico e a autonomia política do País, o repúdio da dívida pública, a renegociação dos termos da integração europeia, a confiscação das grandes riquezas, a responsabilização criminal dos autores dos roubos dos dinheiros públicos e o combate ao desemprego.

A luta continua, pois. Vamos a ela!

segunda-feira, 14 de março de 2011

A MARCHA NÃO PODE PARAR!

A denominada marcha da Geração à Rasca foi um indiscutível êxito, não apenas pela adesão quantitativa que teve, em particular em Lisboa e no Porto, como também pela natureza ampla de que se revestiu, juntando, ao invés do que proclamavam alguns dos escribas oficiais da nossa praça, muitas pessoas de diferentes idades e gerações, e finalmente pela própria expressão nacional que assumiu.

Na verdade, esta vaga de protesto, levantada em larga medida de forma e por meios espontâneos e muito simples, tornou-se um facto político e social absolutamente incontornável.

E por tudo isto, e antes de mais, estão de parabéns os seus Jovens organizadores, a quem daqui dirijo, e uma vez mais, as minhas calorosas felicitações.

Em segundo lugar, julgo ser inegável que, apesar de todas as colagens (até Cavaco Silva, no dia da sua posse, descobriu que havia Jovens em Portugal e que eles tinham razão!?...) e de todas as manobras de desmobilização e até de provocação orquestradas contra a manifestação e o que ela representava (o PS é indubitavelmente o partido político mais incomodado com a marcha, mas indiscutivelmente todos os partidos políticos parlamentares, a começar pelo PSD, também se sentiram, e fundadamente, postos em causa por ela), o certo é que a mesma marcha demonstrou não apenas o isolamento e o desmascaramento do Governo como, o que é mais importante, que muitos Portugueses, e em especial a grande maioria dos Jovens, já compreenderam que o caminho seguido até aqui por aqueles mesmos partidos não serve de todo. Ou seja, já sabem o que não querem, embora ainda não vejam com clareza o que exactamente querem e deve agora ser feito.

É por tudo isto que a partir daqui é muito importante que este amplo movimento não apenas não esmoreça como se imponha a discussão aberta, franca e democrática – ou seja, sem a habitual imposição dos pontos de vista dos partidos do poder e dos seus ideólogos - acerca da situação do País, dos erros cometidos e das respectivas responsabilidades, e de qual o plano estratégico e o programa de medidas que devem ser tomadas para que Portugal seja o País moderno, progressivo e justo que todos, e em particular os mais Jovens, merecemos.

Ou seja, do que se trata agora é de este movimento, que nasceu espontâneo e inorgânico, debata e se fixe a si próprio objectivos. Para que não se “navegue à vista” e, não obstante toda a genuinidade e generosidade dos cerca de 300 mil cidadãos que desceram às ruas no passado Sábado, essa enorme força social não esmoreça nem se dilua…

terça-feira, 8 de março de 2011

A DESFAÇATEZ DE UM CÍNICO

Quando Sócrates discursava num jantar do PS em Viseu, membros do movimento “Geração à rasca” interromperam-no com denúncias sobre a situação dramática a que a política do Governo tem conduzido os jovens portugueses.

Acto contínuo diversos elementos da segurança expulsaram da sala à pancada – como foi perfeitamente visível em imagens da SIC e em fotografias do Diário de Notícias – aqueles elementos, numa significativa demonstração daquilo que o Primeiro-Ministro designou de “tolerância” do PS.

Mas o que é absolutamente inaceitável é que José Sócrates, contando para isso também com a conivência dos jornalistas presentes se haja permitido insultar a inteligência de todos nós e provocar ainda mais os jovens agredidos, ao cinicamente comentar para as câmaras e microfones sem uma única pergunta incómoda que tinha achado muita graça e até tinha muita pena que os jovens não tivessem ficado para jantar, pois o PS teria tido muito prazer na sua presença!?

Quem manda desta forma arrogante o cuspo para o ar, está mesmo à espera de que um dia ele lhe caia estrondosamente em cima…

Fotografia de Ricardo Estudante - Global Imagens (in Diário de Notícias)

VIVA A MULHER TRABALHADORA!

Hoje celebra-se o dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

Como dizia uma canção dos anos 70, "a História marca a firmeza da luta por ti travada!"

À nossa "metade do céu" que elas representam, aqui fica a minha homenagem e o meu apelo à luta por um Mundo melhor, sem discriminação, sem exploração, nem opressão!

terça-feira, 1 de março de 2011

UMA IMPARÁVEL VAGA DE PROTESTO EM MARCHA E UMA DESESPERADA CONTRA-INFORMAÇÃO

Assistiu-se ontem, segunda-feira, a mais uma lamentável exibição de contra-informação que foi o “Prós e Contras” alegadamente referente à situação actual dos jovens.

Desde logo, por ser um pseudo-debate para cujos intervenientes principais se convidou uma esmagadora maioria de “especialistas” de apenas um dos “lados”, ou seja, defensores do ideário neo-liberal.
Por tal razão, foi possível que não se ouvisse ali uma única voz crítica das teorias que são afinal as responsáveis pela situação dramática com que os jovens se vêem agora confrontados.
A razão disto é que, nas vésperas da realização da manifestação do próximo dia 12 de Março e já não sendo possível ignorar a sua dimensão e importância, se tratou, muito claramente, de procurar “esvaziar o balão” e desviá-lo a todo o transe dos seus objectivos – e é para isso que serve a televisão pública!...
Assim, sem que existisse uma única posição consequente que as desmontasse devidamente, lá vieram teorias como a de que “temos um mercado e uma legislação laboral demasiado rígidas e é por isso que há precariedade”, ou a de que “a grande contradição é entre aqueles que têm demasiados direitos e os que não têm direitos nenhuns e só podem adquirir alguns se os outros os perderem”, ou enfim a de que “quem agora entrar para o mercado de trabalho tem de aceitar ter “mobilidade” ou de ser “flexível”, tem de aceitar trabalhar em condições degradadas (porque mais vale ter um emprego precário do que não ter nenhum…) ou então tem de emigrar”, etc., etc., etc.!

Do mesmo passo que desesperadamente se procurou negar – eles lá sabem o porquê… - qualquer paralelismo com o papel de primeira linha da juventude nas lutas populares no Egipto e noutros países do Magrebe!

Mas afinal, e não obstante todas estas campanhas de contra-informação e de manipulação ideológica, a questão essencial permanece inalterada. E essa é que o modelo político e económico seguido pelo PS e pelo PSD nos últimos 35 anos consistiu, por um lado, em admitir e executar o papel de semi-colónia que a União Europeia, ou seja, os grandes interesses económico-financeiros em particular da Alemanha, lhe pretendem fixar, aceitando submissamente perder a nossa autonomia e independência e destruir o essencial da nossa capacidade produtiva na indústria, nos campos, nos mares e nas minas. E, por outro lado, na aposta taylorista em estratégias de competitividade assentes no trabalho intensivo, pouco qualificado, precário e mal pago (de que precisamente os contratos a prazo, os “recibos verdes” fraudulentos e os estágios não remunerados são instrumentos privilegiados).

Sem romper com este modelo, não será possível aos trabalhadores construírem um futuro mais justo e promissor.

Ora é essa ruptura – cada vez mais necessária e urgente e a que os jovens mostram aspirar de forma cada vez mais assumida – que estas manobras de manipulação afinal, procuram desesperadamente evitar.

Em vão, porém, porquanto a roda da História, muito em particular pela mão dos jovens, não anda para trás!...

E, claro, dia 12, lá estarei na Manifestação!